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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Teresópolis já tem mais de 100 profissionais da saúde infectados

Polícia Civil recebe pedido para que seja aberto inquérito para apurar morte de Técnica em Enfermagem que atuava como voluntária

A morte da Técnica em Enfermagem Monique Magalhães, de 34 anos, chamou atenção dos teresopolitanos para aqueles que estão há mais de dois meses lutando diariamente na linha de frente do combate ao novo coronavírus em nosso município. O Diário apurou que já são mais de 100 infectados. A moradora do Morro dos Pinheiros, que deixa uma filha de apenas sete anos, atuava como voluntária na barreira sanitária montada pela prefeitura no Soberbo e, no início do mês, começou a se sentir mal. “Gente, venho informar que não vou poder ir. Não vou poder ir no Soberbo porque estou muito mal em casa, estou com todos os sintomas da Covid. Já fui na UPA quatro vezes, fiz exame de urina, sangue, e eles me mandaram para casa. Tirei raio-x do pulmão, diz que está tudo bem. Eu não aguento de falta de ar. Uma semana que estou de cama, duas semanas que vem vindo essas dores no corpo, essa falta de ar, calafrio no corpo, então eu venho avisar que não vou poder ir no Soberbo. Por favor colocar outra pessoa no meu lugar”, relatou Monique em um dos áudios enviados para o grupo do voluntariado e que acabou ganhando as redes sociais. 
Após a repercussão do caso e a informação que a Técnica em Enfermagem não teria passado pelo teste para saber se precisaria de tratamento específico para o novo coronavírus, a prefeitura emitiu nota técnica no final da noite de segunda-feira. De acordo com o documento, que detalha todos os dias que Monique teria procurado atendimento médico na UPA, “a paciente não foi testada para Covid-19 porque para o teste ter resultado confiável é preciso ter pelo menos 7 dias de sintomas”.  Ainda segundo a nota divulgada pela Assessoria de Comunicação, “na noite do dia 17 de maio, por volta das 22h, o Serviço de Atenção Domiciliar recebeu um áudio da paciente de que não estava se sentindo bem. No dia 18, a equipe foi à residência da paciente e encontrou familiares já levando a paciente para a UPA, onde a paciente chegou com parada cardiorrespiratória e veio a óbito”.

 

Monique Magalhães, 34, moradora do Morro dos Pinheiros, deixa uma filha de apenas sete anos. Ela atuava como voluntária na barreira sanitária montada pela prefeitura no Soberbo e, no início do mês, começou a se sentir mal

Em sua página na rede social Facebook, o prefeito Vinicius Claussen informou que “abrimos um processo administrativo junto à Secretaria de Saúde e vamos apurar com rigor os fatos para entender o que pode ter acontecido durante o cumprimento do protocolo de atendimento à paciente, uma vez que em nenhum momento faltou estrutura, testes ou leitos no município”.
Diante da gravidade da situação, o Presidente da Câmara, Vereador Leonardo Vasconcellos, encaminhou ofício para a 110ª Delegacia de Polícia pedindo que seja aberto inquérito para investigar a morte da voluntária da secretaria municipal de Saúde. “Por tudo o que foi revelado nos áudios gravados por ela, e pelo que estão dizendo amigos próximos e colegas de profissão, a morte dessa moça precisa ser esclarecida. Jovem, deixa uma filha pequena e muitos sonhos interrompidos. Teresópolis está consternada. A família precisa de amparo. E a população quer respostas. A morte de Monique Magalhães requer uma investigação isenta e minuciosa, motivo do meu ofício à autoridade policial”, enfatiza o edil.

Nas redes sociais, amigos do também Técnico em Enfermagem William "Peixe" pedem orações pela sua recuperação

Mais de 100 infectados
Nesta terça-feira, 19, apuramos que entre os profissionais lotados na Secretaria Municipal de Saúde, até o momento 56 foram afastados por conta da Covid-19, entre Médicos, Enfermeiros, Técnicos, Motoristas e outros das equipes de apoio do setor. Desses, 36 já voltaram ao trabalho. No setor particular, o Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano (HCTCO) informou que 36 foram diagnosticados com o novo coronavírus. O Hospital São José não passou informações sobre o número oficial de profissionais que precisaram se ausentar por conta da doença, somente que “desde antes do início da pandemia, foram implementados fluxos de cuidados reforçados e treinamentos intensos para o enfrentamento do novo coronavírus, visando a segurança dos pacientes e de seus profissionais. Com isso, o contingente de colaboradores afastados com diagnóstico positivo da covid-19, no momento, é considerado estável”. A instituição reforça, ainda, que está seguindo todos os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para garantir a continuidade e a qualidade dos atendimentos prestados. Em uma das “lives” realizadas em seu gabinete, o prefeito Vinicius Claussen comentou que seriam cerca de 30 pessoas dessa unidade hospitalar na lista de infectados. 

Relatos
Através das redes sociais é possível acompanhar relatos das equipes da linha de frente sobre como tem sido o difícil trabalho no tratamento prevenção da doença e também casos de profissionais que terminaram infectados, mesmo realizando todos os procedimentos de segurança previstos. Um desses casos é o da Fisioterapeuta Isabela Silveira.  “Talvez essa seja a notícia mais louca do último ano. Eu não tive febre, não apresentei tosse, não apresentei dessaturação de oxigênio. Apresentei apenas perda total do olfato e do paladar. No dia em que fez um ano que meu pai partiu e levou um pedaço de mim eu fiz a tomografia e tive a certeza de que eu fui contaminada. Fui contaminada enquanto ajudava a salvar a vida do amor de alguém. Graças a Deus eu tenho menos de 25% de acometimento pulmonar, consigo me tratar em casa com o apoio dos anjos que trabalham comigo. Mas tenho desconforto respiratório e falta de ar em tarefas simples, como ir até o banheiro. Não consigo entender o fato dessa galera continuar achando que isso é brincadeira! Repetindo: Eu sinto falta de ar para ir ao banheiro e tenho menos de 25% de acometimento pulmonar. Agora imaginem vocês quem tem mais de 50% de acometimento. Imaginem quem precisa de auxílio de oxigênio para conseguir ter um pouco mais de conforto. Imaginem quem pede para ser intubado pois não aguenta mais sentir falta de ar. Espero que tenhamos um pouco mais de empatia, respeito, carinho, comprometimento. A vida de todo mundo importa! Alguém sempre será o amor de alguém! Fica em casa!”, publicou a jovem, que agora está na fase final do tratamento e não vê a hora de voltar ao combate.

 

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Edição 24/04/2024
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