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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Teresópolis estava no topo do mundo 25 anos atrás

Aventura de Mozart Catão no Everest colocou o Brasil em destaque no montanhismo mundial e é referência até hoje

Marcello Medeiros

Na última quinta-feira, 14, completou 25 anos a primeira ascensão genuinamente brasileira na montanha mais alta do mundo, o Everest, que se eleva a 8.848 metros de altitude em relação ao nível do mar. A difícil escalada colocou o Brasil em destaque no montanhismo mundial e também deixou “marcado” o nome de Teresópolis no topo do mundo graças a brilhante participação de um dos integrantes da dupla responsável por carregar a bandeira na Cordilheira do Himalaia, Mozart Catão. O feito, realizado pelo teresopolitano em parceria com o paranaense Waldemar Niclevicz, ainda hoje é lembrado e reverenciado pela nova geração de escaladores. “Não conheci o Mozart pessoalmente, só por história, mas foi um montanhista que me inspirou muito, e considero o melhor que o Brasil já teve até hoje. Muitos se inspiram nele e fazer parte dessa homenagem hoje aqui é uma grande realização”, relatou a O Diário em 2016 o montanhista Carlos Santalena, o brasileiro mais jovem a escalar o Everest. Na ocasião, ele esteve em Teresópolis para realizar palestra pela loja Top Spin, onde existe um memorial em homenagem a Catão.

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Teresopolitano, nascido em 14 de junho de 1962, Mozart entrou para o Guinness Book três vezes. Além de ser o primeiro brasileiro a pisar na montanha mais alta do planeta, bateu recorde de ascensão ao Kilimanjaro, na Tanzânia, e de ciclismo em altitude, ao pedalar uma mountain bike no Aconcágua, o ponto mais alto das Américas, com 6.949m de altitude. O escalador faleceu em 03 de fevereiro de 1998, quando tentava mais um grande feito, vencer a difícil Face Sul do Aconcágua junto com o também teresopolitano Alexandre Oliveira e o brasiliense Othon Leonardos.
No evento realizado pela Top Spin quatro anos atrás, essas e outras grandes conquistas foram lembradas pelo irmão Marco, que representou a família na bonita homenagem.  “É muito bom saber que depois de Mozart já surgiram vários e vários escaladores que seguiram essa trilha inspirados por ele, levando o nome do Brasil. É um orgulho muito grande para mim pode falar dele, que não foi só não só um irmão, mas um exemplo para mim, uma pessoa que deixou um legado muito grande, de honestidade e dedicação”, destacou.
Outro irmão do escalador que assistiu e se emocionou com a homenagem foi o empresário e ex-prefeito Márcio Catão. “A família fica muito orgulhosa. Mozart tinha um diferencial já naquela época, desde muito novo prosperava muito no esporte e sabemos como isso é importante para as pessoas. Independente do que aconteceu com ele, a gente não entende isso muito bem, só quem vive esporte sabe o que é o ter destino que ele teve, mas entendemos e respeitamos. Ficamos muito felizes por ele ter sido precursor desse processo e inspiração para muitas pessoas. Esperamos que isso se repita, esse processo de quebras e vitórias das pessoas, que é isso que Mozart sempre passava para gente”, enfatizou.
Quando nos deixou, Catão já havia conquistado sete dos oito picos que pretendia escalar para cumprir a meta de atingir o ponto mais alto de cada continente. A mais dura conquista foi o Mont Blanc, o ponto mais alto da Europa Ocidental, com 4.807m, que Catão escalou sozinho. No trecho final, ficou pendurado no paredão, com um precipício sob seus pés. 

A despedida
Em 3 de fevereiro de 1998 Teresópolis perdeu dois grandes alpinistas: Mozart Catão, então com 35 anos, e Alexandre Oliveira, de 24. Junto com Othon Leonardos, 23, eles tentavam escalar a face sul do Aconcágua (6.962 metros de altitude) quando foram arrastados por uma avalanche, estando os corpos até hoje na Cordilheira dos Andes. Como já referenciado acima, Catão era considerado um dos melhores do Brasil no esporte. Oliveira tinha dez anos de escalada e se destacava na rocha e em alta montanha, devido à sua excelente capacidade de aclimatação. 
A terceira vítima da avalanche, Othon Leonardos morava em Brasília, mas tinha forte ligação com Teresópolis. Sua família possuía casa na localidade de Montanhas, onde ele abriu vias de escalada junto com Mozart e outros teresopolitanos. A tragédia no Aconcágua aconteceu seis dias depois deles terem saído do acampamento base, sendo dois já de espera pela melhora no tempo. Cinco anos após a morte dos alpinistas, foi lançado o livro "Montanha em Fúria", do jornalista Marcus Vinicius Gasques, que conversou com dois sobreviventes, amigos e parentes de Catão e alpinistas renomados. Além das entrevistas, Marcus teve acesso a uma fita de vídeo gravada durante a expedição.
No ano em que o livro foi publicado, a revista Época fez reportagem sobre o assunto. Segundo a matéria, intitulada “Drama no Aconcágua”, o erro da expedição foi insistir em chegar ao topo pela rampa Messner, um corredor de 600 metros, local seguro quando o tempo está firme, mas exposto a avalanches durante nevascas. A outra possibilidade é a via francesa, menos perigosa, porém mais longa. Pela Messner, é possível atingir o cume em três dias de escalada. Pelo caminho convencional, levam-se quatro ou cinco. Naquele ano, as condições metereológicas andavam instáveis devido ao fenômeno El Niño. Os brasileiros optaram pela rota mais curta. Como agravante, tinham comida para apenas quatro dias. Caso não chegassem logo, seriam obrigados a desistir", diz o texto.

 

Revista Manchete destaca a morte dos teresopolitanos em 3 de fevereiro de 1998, vítimas de uma avalanche de neve no Aconcágua

Homenagens
Na lembrança dos 10 anos da tragédia do Aconcágua, o Centro Excursionista Teresopolitano colocou placa no Parque Imbui com o nome de Mozart Catão, e deu a Alexandre o nome de uma via, o Ice Wall. O CET, aliás, foi fundado meses depois do acidente, em agosto de 1998, por amigos dos dois teresopolitanos, com a intenção de colocar em prática a ideia de Catão de criar uma entidade para fortalecer o esporte na cidade. 
Ícones do montanhismo nacional, os teresopolitanos Mozart e Alexandre viraram nome de via de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Mozart Catão dá nome à trilha e Alexandre Oliveira ao mirante que pode ser acessado na estrada da Barragem, num percurso de menos de dois quilômetros, e além de outras homenagens, em memória dos montanhistas brasileiros foi colocada uma placa no caminho do Aconcágua, na Argentina.

 

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Edição 25/04/2024
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