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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Técnicos da CRT vistoriam local onde houve desabamento de pedras

Trecho de montanha foi "cortado" para abertura da Rio-Teresópolis, 60 anos atrás

Na manhã desta segunda-feira (06), equipes de quadro técnico especializado da Concessionária Rio-Teresópolis (CRT) estiveram no quilômetro 92 da BR-116 detectar possíveis riscos e a necessidade de novas medidas de segurança no local onde houve desplacamento de grandes rochas e vegetação na tarde do dia anterior. O fato aconteceu por volta das 15h do último domingo e causou interdição da rodovia por cerca de seis horas. Dois veículos foram atingidos, mas os ocupantes não se feriram. Para liberação do trânsito, as pedras foram deslocadas para o acostamento e o trânsito desviado parcialmente, com a utilização da terceira faixa de rolamento. Também nesta segunda-feira, os fragmentos rochosos divididos em partes cortados para facilitar a sua remoção.
“O incidente se deu em decorrência da degradação natural da encosta e nesta manhã, o local foi reavaliado por um consultor de geotecnia especializado em obras de contenção, que constatou a necessidade de estabilização de encosta no local. Nesta terça-feira (06/08), topógrafos farão o levantamento dos dados para a elaboração do projeto. Os trabalhos de remoção de detritos permanecem pelas próximas 48 horas e posteriormente o trecho ficará isolado com barreiras de concreto até a execução do projeto de contenção. A medida é preventiva e visa garantir a segurança dos motoristas e equipes quando da realização dos serviços. O trecho ficará com desvio no tráfego, porém, sem interrupção no fluxo de veículos em ambos os sentidos da via”, informou a CRT, através da Assessoria de Imprensa, no final da tarde de ontem.

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O trecho onde aconteceu o grande desplacamento de pedras faz parte da montanha conhecida como Escalavrado, “cortada” cerca de 60 anos atrás justamente para a passagem da estrada direta ligando Teresópolis ao Rio de Janeiro, em substituição à antiga Estrada de Ferro Therezopolis.  Essa não foi a primeira ocorrência do tipo na região. Porém, o que chamou atenção foi o desabamento ter acontecido mesmo com pouca precipitação. Geralmente, os deslocamentos de pedras e encostas, não só na BR-116, mas em diversas outras rodovias abertas em locais com características geológicas parecidas, costumam acontecer no período de chuvas fortes.
Quase 10 anos atrás, em 17 de novembro de 2009, uma família morreu soterrada em deslizamento nas proximidades do quilômetro 90 da Rio-Teresópolis. Moradores de Duque de Caxias, estavam em um Fiat Palio atingido por grandes pedras Bruno Ferreira Campos, Viviane Ferreira Campos e a pequena Gabriela Gonçalves Campos, de apenas sete meses, filha do casal. A mãe de Viviane, que viajava atrás do carona, sobreviveu. Maurina Gonçalves, 56 anos, foi lançada do automóvel e escapou do soterramento. Com escoriações leves, ela foi socorrida por motoristas. "Pelo estado em que ficou o carro, foi um milagre ela ser salva", disse época o pai de Viviane, o comerciante Antônio Gonçalves. Dois anos depois, também em novembro, mas na RJ-130, que liga Teresópolis a Nova Friburgo, uma grande pedra rolou de uma encosta e atingiu um veículo no  quilômetro 12, localidade de Campo do Coelho, vitimando fatalmente a pedagoga Maria Helena Tofani, então com 68 anos.

A Rio-Teresópolis tem história
A história da ligação entre a Capital e Teresópolis percorreu um longo caminho até os dias de hoje, passando pelo lombo de burros, seguindo em carruagens, servindo de trilha às famílias imperiais, correndo nos trilhos da antiga estrada de ferro, até fazer parte da malha rodoviária federal brasileira. A rodovia Santos Dumont, como é conhecida atualmente, já foi chamada em alguns de seus trechos por Estrada Imperial ou Estrada Direta. O ponto de partida para a via foi a Estrada Nova de Minas, em 1704, que encurtava em quatro dias o trajeto entre o Rio de Janeiro e as Minas Gerais. Já o primeiro caminho aberto reconhecidamente como ligação entre o Porto de Piedade, em Magé, na Baixada Fluminense, e o Alto da Boa Vista, atual Soberbo, na cidade de Teresópolis, foi obra realizada pelo comerciante português de origem inglesa, George March, inaugurada em 1826. Antes, a viagem, que durava cerca de um dia e meio, era feita com passagem por trás da Serra dos Cavalos.
Em 1908, foi implantada no trecho a Estrada de Ferro Therezopolis, que seguia do Cais da Piedade, em Magé, até o Soberbo. Quem partia do Rio de Janeiro seguia até o município da Baixada Fluminense em barcas saídas da Praça XV, na região central da Capital. A viagem até Teresópolis incluía a "aventura" da troca de locomotiva para que se transpusesse o terreno íngreme da Serra, e seguisse até a Estação do Alto (atual Praça Higino da Silveira). Dali, para se chegar à Várzea, no centro da cidade serrana, usavam-se charretes ou carretões, normalmente puxados por burros, o marco inicial do transporte público em Teresópolis.
Apesar de ser filho de José Augusto Vieira, construtor da estrada de ferro, Armando Vieira sonhava, em 1932, com a ligação rodoviária para Teresópolis seguindo pela Serra. A ideia foi tomando corpo até a fundação da Sociedade dos Amigos de Teresópolis, que tinha entre seus membros vários empresários, entre eles, Carlos Guinle. Foi este grupo que deu início às obras do primeiro trecho da via, como forma de comprovar junto aos órgãos governamentais que aquela era uma real aspiração dos teresopolitanos.
O grupo conseguiu recursos para abrir o trecho entre o Alto e o Soberbo, num total de dois quilômetros. Em 1948, finalmente, veio a sinalização por parte do governo federal de que estudos seriam feitos para analisar a viabilidade da construção do trecho requerido. E, neste momento, foi fundamental a intervenção do Comandante Heleno Nunes, junto ao Ministro da Viação e Obras Públicas do presidente Juscelino Kubitschek, o almirante Lucio Meira, de quem era oficial de gabinete, para aprovação do projeto e autorização para a obra.
A obra que finalmente ligaria, de forma rápida e direta, Teresópolis ao Rio, com uma via que transpusesse o trecho da Serra dos Órgãos, foi autorizada em 1955, pelo antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), hoje DNIT. O engenheiro Pierre Berman, auxiliado pelo irmão Raul Berman, ficou encarregado de colocar o projeto em prática. Antes da construção do trecho da serra havia a necessidade de se acessar a cidade de Petrópolis e a partir da ligação por Itaipava para chegar a Teresópolis, numa viagem que durava cerca de 3h30.
A Rio-Teresópolis foi incluída como BR-4 no Plano Rodoviário Nacional, passando pela Baixada Fluminense, depois por Teresópolis, seguindo até São José do Além Paraíba e, dali, para o Norte do país, num trajeto que corresponde à atual Rodovia Santos Dumont (BR-116/RJ). O trecho da Serra da Rodovia Santos Dumont (BR-116/RJ) foi inaugurado a 1º de agosto de 1959, em grande festa que contou com a presença do presidente Juscelino Kubstichek.

O trecho onde aconteceu o grande desplacamento de pedras faz parte da montanha conhecida como Escalavrado, “cortada” cerca de 60 anos atrás justamente para a passagem da estrada direta ligando Teresópolis ao Rio de Janeiro

 

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Edição 26/04/2024
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