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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Sudamtex: novo bairro ou parque da cidade?

Discussão sobre terreno volta à tona com abertura de CPI na Câmara de Vereadores

Marcus Wagner

O anúncio do prefeito Vinicius Claussen de construir um bairro no terreno da antiga Sudamtex não agradou quem sonhava com a criação de um grande parque no centro da cidade e pouco se sabe do acordo que foi fechado com o proprietário do terreno por intermédio do Ministério Público. As dúvidas são muitas e nenhum projeto foi apresentado à população. Na quinta-feira, 12, a Câmara de Vereadores decidiu abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretende apurar o que vai ser feito naquele terreno.
Vinicius afirmou recentemente que “haverá um novo bairro, de nome George March, em homenagem ao principal fundador da cidade, com a nova sede da Prefeitura, com o polo de Educação EducaParque e também um novo parque municipal, ligando o bairro à rodoviária”. O problema é que o projeto de parque que o prefeito cita seria apenas uma estreita margem de rio que não pode receber nenhuma construção. 
O arquiteto Ricardo Wagner faz parte do grupo “Regate do Parque da Cidade” que questiona esse acordo e busca mobilizar mais pessoas com o intuito de cobrar das autoridades que revisem os termos e criem uma área que realmente proporcione ao teresopolitano ter uma área de lazer digna.
“Era um sonho ter um parque urbano no centro da cidade desde a época do Jorge Mário e de lá para cá muita coisa mudou. Agora, com o acordo que foi feito entre o Ministério Público, Prefeitura e a Sudamtex, tudo se desfigurou por completo porque na realidade a gente percebe há um interesse na criação de um bairro como pagamento das multas ambientais. A gente tinha um apelo de conseguir um parque que atendesse as expectativas da cidade, mas estamos perdendo isso para ficar com trechos de terra na beira do rio e querem dizer que isso é um parque”, explicou Ricardo. 
“A gente entende que a conversão do pagamento de multa e de valores envolvidos na condenação resulta em um parque de uns 40 mil metros quadrados, mesmo considerando aquela área da Sudamtex, pois estamos falando de uma área que ela não utiliza”, completou Alexandre Marques que também faz parte do grupo.
Uma Ação Civil Pública de 2003 movida pelo Ministério Público contra os proprietários da fábrica, por conta de danos ambientais acumulados durante alguns anos de atividade, resultou em uma multa milionária. Por orientação do órgão, a compensação pelo não pagamento de volumosa dívida ambiental foi a transformação do débito em benfeitorias para Teresópolis. Esperava-se que o espaço fosse abrigar importantes aparelhos culturais, ambientais e turísticos, atrativos que, certamente, destacariam ainda mais o município nos cenários regional e estadual. 
A ideia inicial do Parque da Cidade surgida em 2008 era considerada bem melhor diante das características e necessidades do município. O projeto idealizado pelo extinto “Nossa Teresópolis” e endossado pelo então prefeito Jorge Mario recebeu apoio inclusive do então Ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, prevendo transformar toda a área em um grande parque urbano, nos moldes do Ibirapuera, em São Paulo, ou mesmo o Central Park, em Nova Iorque.
Agora, além da mobilização do grupo que cobra a revisão do acordo para favorecer a criação de um importante espaço público, há também a cobrança da Câmara dos Vereadores através de uma CPI um pedido de informações para entender o que está realmente planejado, as tratativas e como a prefeitura pretende conduzir a situação. 
“A mobilização da própria cidade podem fazer com que o próprio juiz ou o prefeito, vejam que um túnel não valha aquilo que foi determinado. Não houve transparência com relação ao que ia ser feito, então a gente acabou estudando para mostrar o que é o acordo à população. A mobilização dos teresopolitanos mostrando a vontade de ter um parque talvez possa fazer com que o prefeito revertam esse quadro, acreditamos que é possível”, enfatizou Ricardo Wagner.
O que se sabe é que existe a intenção de construir 26 prédios de até oito andares, muito diferente do que era imaginado inicialmente de 2008 em que a população teria uma imensa área de lazer. Avaliando um grande prejuízo social para a população, o grupo vem se mobilizando para cobrar transparência do governo municipal sobre qual é o projeto do bairro e cobrar a construção de um parque que possibilite o lazer a população.


Ricardo Wagner e Alexandre Marques fazem parte do grupo que cobra transparência da prefeitura em relação ao acordo sobre o terreno da Sudamtex
“A gente andou estudando o acordo que foi feito para saber como ele foi tratado e existem possiblidade de tentar recebei isso e em vez de receber um túnel e um Educa parque, avaliar quanto eles valem e conseguir comprar mais terras para fazer um parque maior. A gente sabe que aquele sonho da época é impossível, mas ter um parque maior é possível e esse é o nosso resgate. Temos uma pagina no Facebook é justamente para isso, “Resgate do Parque da Cidade” que é justamente para aglomerar mais pessoas dentro do nosso projeto”, afirma Ricardo Wagner. 
Alexandre Marques destaca que a ideia ganha cada vez mais adeptos: “Com todas as pessoas que conversamos, vemos que todos ficam animados com a possibilidade de sair de uma ciclofaixa no meio da rua, perigosa, com carros passando por um lado e pelo outro, e poder fazer seu exercício, andar de bicicleta, fazer sua caminhada, ter seu lazer dentro de um parque urbano na cidade. Teresópolis tem muitos parques, mas todos são áreas de conservação então a gente está falando de um parque de lazer para o munícipe”. 
Em 2004, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro havia aprovado uma indicação parlamentar que autorizava o Governo Estadual a aceitar o Termo de Ajustamento de Conduta elaborado por iniciativa da então promotora de Justiça Anaiza Malhardes. A TAC determinava a conversão da multa por danos ambientais em doação do terreno que funcionava a empresa, em 12.500m² seriam utilizados para constituir o Parque Fluvial do Paquequer. O tempo passou e a situação só foi formalizada com o atual governo que alterou o que era previsto.
Vinicius Claussen assinou documentos de cessão e de doação ao município de partes do terreno da antiga fábrica de tecidos no início de 2019, em reunião conduzida pelo Promotor de Justiça, Marcos da Motta, com a presença do proprietário da Dona Isabel S.A e seu advogado.
Há pelo menos dez anos existe a expectativa que a área da antiga fábrica de tecidos ganhe alguma utilidade, enquanto muitos sonhos com uma área de lazer, o proprietário do terreno conseguiu junto aos poderes Executivo e Judiciário uma forma diferente de explorá-lo.
Por diversas vezes já solicitamos à assessoria de comunicação da PMT informações sobre o projeto, mas nunca recebemos nenhum posicionamento. 

 

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Edição 23/04/2024
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