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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Sudamtex: Multa milionária obriga doação à prefeitura

Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público garante doação de área para parque fluvial, nova sede da prefeitura e até campus universitário

Fechada definitivamente há pouco mais de 12 anos e localizada em uma grande área na região mais valorizada de Teresópolis, a fábrica da Sudamtex passou a ser o sonho de muita gente para a realização de imponentes projetos – públicos e privados. Afinal, já imaginou um grande condomínio de prédios com uma vista privilegiada para a Serra dos Órgãos e fácil acesso aos principais bairros do município? Ou uma área de lazer nos moldes do Central Park ou o Ibirapuera? Essas e outras projeções permearam as ideias de construtores, políticos e até de muitos cidadãos comuns nos últimos anos, sendo até anunciados projetos como o de um parque fluvial que contribuiria para a recuperação do Paquequer, na época do prefeito Jorge Mario Sedlacek, e um “parque da cidade”, na mesma gestão. No governo seguinte, de Arlei Rosa, foram realizadas novas conversas com os proprietários da antiga fábrica, com outras ideias de aproveitamento do cobiçado espaço. Agora, essa longa história ganha novo capítulo – com diferentes e reaproveitadas ideias para utilização da área de 150 mil metros quadrados. Na última semana, o prefeito Vinicius Claussen, acompanhado pelo Procurador Geral, Gabriel Palatnic, esteve na 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Teresópolis do Ministério Público Estadual, para assinar os documentos de cessão e de doação ao município de partes do terreno da antiga fábrica de tecidos. Conduzida pelo Promotor de Justiça, Marcos da Motta, a audiência teve ainda a presença do proprietário da Dona Isabel S.A., Ricardo Haddad, e do seu advogado, Sylvio Capanema.
A iniciativa é resultado de Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público contra os proprietários da fábrica, por conta de danos ambientais acumulados durante alguns anos de atividade. Por orientação do órgão, a compensação pelo não pagamento de volumosa dívida ambiental foi a transformação do débito em benfeitorias para Teresópolis. “Com a oficialização, teremos espaço para importantes aparelhos culturais, ambientais e turísticos, além de uma universidade pública federal de excelência, a primeira de Teresópolis, e bem no centro da cidade, oferecendo cursos de graduação e pós-graduação de qualidade. São atrativos que, certamente, destacarão ainda mais o município nos cenários regional e estadual”, divulgou Vinicius através da Assessoria da PMT.
Uma das ideias é reativar o projeto de construir um parque fluvial às margens do Paquequer, não sendo informado se na sua totalidade ou de forma reduzida. Afinal, não foi especificado qual o tamanho da área que está sendo doada e o que será feito no restante do grande empreendimento que ainda ficará de posse dos atuais proprietários. Importante lembrar ainda que, de qualquer maneira, nada poderia ser construído nas margens do Paquequer.
Serão disponibilizados ainda o túnel da extinta Estrada de Ferro, que será transformado em um aparelho turístico, e um prédio de três mil metros quadrados que abrigará, futuramente, o novo centro administrativo da Prefeitura. Ainda segundo nota divulgada pela Comunicação nesta sexta-feira (17), o “casarão rosa da Reta” será transformado no museu Palácio Teresa Cristina. A cessão do imóvel para instalação da UNIRIO e a doação do túnel foram assinados em documentos autônomos. As demais doações compõem o acordo que será homologado pelo juiz da demanda. Outro compromisso documentado é a realização de obras de arruamento de acesso à futura sede da prefeitura, e que funcionará como alternativa para desafogar o trânsito no trecho da Avenida Feliciano Sodré e no entorno da Sudamtex. 

A história da importante fábrica
No final de 2006 a fábrica de tecidos Dona Isabel S.A., ou Sudamtex, como ficou conhecida por toda população, desligava as máquinas e deixava centenas de pessoas desempregadas e sem perspectivas de receber o que tinham por direito. Em 2011, quase cinco anos depois, a reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV teve acesso ao prédio e constatou que os equipamentos continuavam nos mesmos lugares, com o material que estava sendo produzido parado nas máquinas, além de boa parte do estoque ainda em condições de uso. “Porém, apesar da impressão de que basta se apertar alguns botões para as grandes máquinas voltarem a produzir, um possível retorno da fábrica é praticamente impossível devido a inviabilidade econômica e de licença ambiental para o empreendimento. Questões ambientais, aliás, foram motivos de muitas multas ao longo dos anos e reclamações da vizinhança, principalmente dos moradores da Fazendinha”, destacou a reportagem publicada em maio de 2011.
A Sudamtex produziu seu primeiro metro de tecido em 1965, funcionando até 1998. Nesse período, grande parte administrada por um grupo americano, ficou parada por cerca de um ano, em 1978. Nos meses sem atividade, porém, os funcionários não deixaram de receber. No final da década de 90 e início da seguinte, foram quatro anos de portas fechadas. A produção foi retomada em 2002 e aconteceu até 2006, quando trabalhavam no local cerca de 300 funcionários, grande parte vinda da cidade de Guapimirim.
Acompanhados de antigos funcionários, estivemos nos principais galpões da Sudamtex, encontrando muitos elementos que ajudam a contar a história da empresa que, no seu auge, no final da década de 80, chegou a empregar 1.080 pessoas. No primeiro prédio, com cerca de 3.000m2 construídos e dois galpões, encontramos todos os arquivos de documentos da empresa, como registros de funcionários, amontoados em gavetas e mesas. No segundo galpão, à esquerda da portaria, onde chegou a funcionar uma termoelétrica que por anos manteve o funcionamento da fábrica, ainda há muitos rolos de linha e equipamentos antigos jogados pelos cantos. 
No prédio principal, com 12.000m2 construídos, funcionavam vários setores, como a preparação para a tecelagem e a tecelagem, o tingimento e a fiação. No galpão da tecelagem, estão 180 máquinas, ainda com os rolos de linha montados. No tingimento, a situação não é diferente. As grandes máquinas Engodenim – 1 e 2 – estão paradas com o material de produção posicionado, como se tivessem sido desligadas em funcionamento. Parte do tecido em estado cru e parte já na tradicional cor azul. Na parede, um calendário mostrava os últimos meses de funcionamento: novembro e dezembro de 2006. No galpão à frente do setor de tingimento, um funcionário deixou mensagem antes de se despedir do local de trabalho: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.

 

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Edição 28/03/2024
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