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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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“Saúde de Teresópolis é humilhação e falta de respeito com as pessoas”

Filho da paciente que morreu na UPA sem conseguir transferência relata graves problemas e cobra melhorias

Após perder a mãe que aguardava uma vaga de transferência para tirá-la da UPA e levá-la a um hospital, Maycon Castro Ramos relatou a indignação de com tudo que vivenciou para tentar garantir um tratamento digno à ela, mas que esbarrou em uma situação que muitos teresopolitanos enfrentam: a ineficiência e a burocracia da Saúde Pública em Teresópolis. Agora, ele ainda tem que enfrentar outro grave problema por conta da falta de acolhimento em Teresópolis: acompanhar o filho que está internado em UTI Neo Natal em outro município por não ter conseguir vaga em Teresópolis.  Ele afirma que é revoltante a humilhação e a falta de respeito que a população enfrenta.
Dona Maria da Glória de Castro, muito querida e conhecida pelo apelido de dona Mariquinha, tinha 72 anos, dois filhos, era residente na Granja Primor, sentiu-se mal na madrugada de segunda-feira, 12 de outubro, sendo imediatamente levada por familiares para atendimento de emergência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ficou “internada” na sala de medicamentos, sentada em uma cadeira de rodas.  
Na manhã da mesma segunda-feira, a paciente, acompanhada da sobrinha, foi levada de ambulância ao HCTCO para fazer tomografia. De volta, foi encaminhada para ala Covid da UPA. Na manhã de terça-feira 13, Maycon, que na véspera passou o dia em Niterói para ver o filho de dois meses de idade internado em UTI neonatal acometido por doença rara – foi a UPA buscar informações, quando ficou sabendo que a mãe havia sido intubada, estaria com 75% dos pulmões tomados, e que não havia vaga disponível para transferência para leito SUS em UTI para pacientes com Covid nos hospitais da cidade.
À tarde, foi informado que havia vaga em Volta Redonda, e que deveria assinar autorização para a transferência, porém Maycon foi contra, reclamando que havia leitos livres em Teresópolis, de acordo com o último boletim divulgado pela prefeitura. Pediram então para ele assinar uma declaração de que não autorizaria a transferência, o que ele aceitou, desde que  houvesse a ressalva sobre os leitos livres nos hospitais locais que por isso não seria justo submetê-la à viagem, estando ela, segundo a Upa, em estado grave. A direção da UPA acabou por desistir do documento, visto a insistência do filho em fazer a anotação desejada. A situação de paciente piorou durante à noite e ela então faleceu  por volta das 21 horas.
Quem precisa do atendimento de emergência na saúde pública de Teresópolis acaba vivenciado a insegurança e o medo de não conseguir uma solução. Casos de pessoas que perdem suas vidas vão se acumulando e o que se torna apenas uma número para a prefeitura, é ente querido que se perde para familiares e amigos. 
Maycon relatou que é preocupante a forma como conduzem situações como a da mãe dele na UPA: “Está uma correria, uma coisa conturbada, bem desinformada, coisa de doido. Eles não têm uma preparação, é muita gente aguardando transferência. O caso da minha mãe era prioridade por estar intubada. É desesperador. Infelizmente muita gente vai passar por isso, espero que seja menos do que vem ocorrendo, não chegue ao extremo. Temos que bater o pé porque a Saúde é um direito de todos, o município tem que se prontificar a oferecer a estrutura”.

Realidade diferente da propaganda do governo
Ele criticou a forma como o governo municipal faz campanha de uma Saúde que estaria funcionando corretamente, enquanto a realidade é outra: “Para eles está tudo maravilhoso, só não sei onde. Queria saber em qual cidade é isso. Meu filho precisou ficar aguardando aparecer uma vaga e ele está em Niterói desde o dia 29 de julho. Não tem leito aqui, tive que assinar para transferir ele e felizmente deu certo. Do jeito que está não tem condição. A Saúde de Teresópolis está jogada as traças, poucas coisas podem ate funcionar, mas o atendimento de emergência está sucateado. Quando a gente precisa, pensa até duas vezes em recorrer porque está bem complicado”, afirmou.

Cobrança por melhorias urgentes
Após passar por esta situação, Maycon enfatiza que é preciso cobrar que as coisas melhorem urgentemente para que outras famílias sejam poupadas do mesmo sofrimento: “Que se tenha a decência, não fazer o que estão fazendo porque é humilhante ter que chegar ao ponto de se exaltar, bater boca. Se humilhando para ter um mínimo de dignidade que é seu de direito, não estão prestando favor. Foi feita a vontade de Deus, não vou ter minha mãe de volta, mas pelo menos que eles tenham um pouco mais de decência e deem dignidade à população que necessita muito e que o povo aprenda a se conscientizar”.

 

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Edição 25/04/2024
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