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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Árvore centenária cortada na Praça Santa Teresa

Figueira foi tombada em 2013 como patrimônio ambiental do município

Paola Oliveira

Quem passou pela praça da Igreja Matriz de Santa Teresa na manhã desta segunda-feira (9), pôde acompanhar o trabalho da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que aos poucos cortou uma árvore de mais de 100 anos, a figueira tombada como patrimônio ambiental do município em 2013. Os funcionários da prefeitura podaram a primeira divisão da parte do tronco principal, retirando galhos, ramos e o peso da sua copa, deixando o caule e seus troncos maiores, que poderão servir de suporte para outras plantas enquanto apodrece, processo que pode levar até uma década para ocorrer.
O canteiro onde a árvore estava localizada foi isolado desde a manhã da última sexta-feira (6), quando um galho despencou sobre o jardim. E, através das redes de comunicação direta com o público (redes sociais) o governo municipal informou o corte da figueira, conclamando a população um ato público na tarde deste sábado, 7.

De acordo com o laudo emitido pela Secretaria de Meio Ambiente, vários pontos foram analisados antes do início da retirada da árvore. Ramos e galhos secos, em partes, estavam se desprendendo e vinham oferecendo riscos às pessoas que circulavam na praça e também no entorno. Também conhecida como Laurel da Índia, a figueira vive cerca de 150 anos se em condições naturais, como na floresta. Em ambiente hostil, ela sobreviveu por 107 anos, fazendo parte da história do município e também de muitos que aqui vivem.  O símbolo histórico, por sua representação junto à população, recebeu no sábado (7) uma despedida emblemática. E no lugar da figueira, segundo a prefeitura, será plantada uma árvore de espécie nativa para espalhar energia e construir memórias junto ao povo, assim como a anterior foi capaz de fazer. Populares que estavam na praça acompanhando o corte, se sensibilizaram. 

Trabalho feito pela secretaria de Serviços Públicos, a operação do corte da árvore foi acompanhada de perto da sub-secretária de Meio Ambiente, que foi proibida pela assessoria de imprensa da prefeitura de falar com a reportagem do DIÁRIO.

“Eu conheço essa árvore desde quando era bem pequenininha. Nós ficávamos debaixo da árvore e caia umas bolinhas e ficávamos pisando porque dava uns estalinhos nas bolinhas. Já vou fazer 80 anos, então eu quis ver de perto. Estou com uma tristeza de ver ela sendo cortada, mas fazer o quê, ela morreu. Ela era a mais bonita, com a maior copa. E tomara que eles plantem no lugar uma bem florida, para enfeitar mais a praça”, emocionada, recorda a aposentada Lurdes Rampini.  “Já estava caindo os galhos, as pessoas que montam as barraquinhas aqui na praça no final de semana estavam com medo”, completa. “Essa árvore tem mais de 50 anos aqui, a mais bonita da praça era ela. Agora está se despedindo. Já estava passando da hora de cortá-la”, conta Paulo Cezar. “Essa árvore foi a primeira a ser plantada aqui na praça, não sei precisamente quantos anos ela tem. Mas eu passei aqui, a gente fica olhando porque causa uma dor no coração e no fundo nós não queremos ver isso. Nós sabemos que árvore já está morta, mas isso poderia ter sido evitado se tivessem dado o tratamento adequado ela aguentaria mais alguns anos. Mas chegou a hora dela, é ruim se despedir dessa linda paisagem. Teresópolis tem sido vítima disso e nós temos que preservar mais essa natureza. Infelizmente chegou a hora dela. Não estou julgando a derrubada desta árvore hoje mas poderia ter sido evitado. Agora só saudade”, afirma o empresário Marcos Salomão. “Eu cansei de reclamar da situação dessa árvore aqui. Ela estava cheia de erva de passarinho, tanto que matou a árvore. E outras vão acabar morrendo por causa disso. A praça está abandonada em termos de cuidado e segurança. Fora que semana passada, eles cortaram a água aqui da praça, arrancaram o cano, a torneira e não sabemos qual o motivo. Eu reclamei. E olha a situação das árvores, todas maltratadas. Vamos torcer para alguém cuidar um pouco mais daqui, a praça está muito abandonada”, desabafou o taxista  Adnan Hassan.

A árvore centenária e sua companheira, perfiladas em frente a igreja, no ano de 1957

Autor do projeto de lei de tombamento da árvore, em 2013, o ex-secretário de Cultura, Wanderley Peres lembrou que o corte era uma necessidade. "Embora pudesse ter vivido um pouco mais se não fosse tão agredida ao longo dos anos, a figueira cumpriu bonito ciclo de vida. Viveu mais de 100 anos em ambiente inóspito e sob cuidados equivocados. Apesar das agressões que sofreu na reforma da praça, em 2001, essa árvore sobreviveu quase duas décadas mais, cheia de pragas nos galhos e com as raízes amputadas, e dentro de um caixote de cimento que cobriu boa parte de seu caule, por onde respira. Deve ter sido angustiante para a figueira esses anos e, quem sabe, os maus tratos que sofreu tenham servido de exemplo e que pessoas se sensibilizem para a beleza e importância do verde urbano".

 

 

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Edição 28/03/2024
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