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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Prefeitura publica licitação milionária para aquisição de emulsão asfáltica

Especialistas afirmam que a opção serve apenas para "tapar buracos" e não resolve o grave problema das vias do município

Anderson Duarte

Será que o problema dos buracos da cidade será resolvido finalmente? Falta de dinheiro não seria o motivo para não, mas apesar de uma “esclarecedora” nota oficial da Prefeitura tentar explicar didaticamente como funciona um processo de Registro de Preços em modalidade de pregão presencial, e elucidar para a população que a sua concretização não significa necessariamente a aquisição, ou desembolo daqueles valores registrados na “ata de registro de preços”, não entra na cabeça da população como, em se gastando tanto dinheiro, ainda assim não se consegue dar conta da resolução efetiva dos problemas emergenciais do município. Nestes mesmos moldes explicados pela gestão como “referenciais”, quase dez milhões de reais podem ser empenhados na compra da chamada “emulsão asfáltica” para intervenções na cidade.
Até o momento, muito diferente do que a população esperava, o que se vê em ações pontuais é o famoso “piche” sendo largado nos buracos, ou seja, medida que não resolve o problema das vias e agrava ainda mais a obstrução de bueiros e galerias pluviais. O “gasto” provável da prefeitura não prevê a utilização da modalidade de pavimentação conhecida como Concreto Betuminoso Usinado a Quente, a mais empregada no Brasil e considerada a mais eficiente para vias de elevado movimento como as que mais carecem de intervenção hoje em Teresópolis. Ao menos duas formas mais comuns de utilização deste tipo de pavimentação são empregadas pelo país, o quente, que como vimos é o mais comum e o frio com o uso da emulsão asfáltica, material que contempla a licitação publicada nesta quinta-feira, 14, do Diário Oficial.
E por que não será resolvido o problema dos buracos insistentes em determinadas regiões? Segundo os especialistas consultados por nossa reportagem, as opções mais econômicas, cujas misturas asfálticas são usinadas a frio, seriam mais indicadas para o revestimento de ruas e estradas de baixo volume de tráfego, ou ainda como camada intermediária e em operações de conservação e manutenção. Ou seja, servem muito mais como um cala boca da população que parece ter sido atendida em seus anseios, do que efetivamente resolver o problema. Segundo o próprio governo, o bairro de Araras teria sido um dos primeiros a receber a operação tapa-buracos que faz o reparo de calçamentos. O processo é feito com “massa asfáltica, produzida na Usina de Asfalto da cidade, a partir da compra de emulsão”, diz o texto da assessoria, que também traz o posicionamento do prefeito: “Vamos prosseguir para o bairro de São Pedro, Perpétuo e Pimentel, pois as vias estão com muitos buracos. Começamos por aqui, e agora, vamos fazer tapa-buracos também em várias vias principais. Em breve, vão chegar equipamentos para fresar o asfalto que, no passado, foi aplicado de forma errada, em cima dos paralelepípedos. O que queremos é voltar com o piso tradicional com paralelepípedos em vários pontos da cidade”, explicou.
Em muitos municípios, a aplicação da emulsão asfáltica é vista com muito maus olhos pela opinião pública, justamente por seu caráter provisório e de pouca duração. O uso indevido deste material em épocas de campanhas eleitorais, nos chamados “pretinhos da eleição” acabaram virando folclores, mas em boa parte dos municípios é mesmo um exemplo e quase um sinônimo de corrupção e desvio de dinheiro público. E a lógica para essa percepção é elementar, já que quase não é possível mensurar quantitativamente a aplicação desse tipo de material, diferente do paralelepípedo que foi citado pelo prefeito em sua fala, que pode ser contado e quantificado pelos que o vão instalar. Mas nossa reportagem foi buscar referências para saber se esse tipo de material mais apropriado para uma cidade com o pavimento tão destruído como o nosso caso, seria significativamente mais caro que os quase dez milhões de reais propostos com o “tapa buraco”. E a surpresa foi mesmo que nem é tão mais caro assim, muito pelo contrário.
O município de Umuarama, no Paraná, em processo recente de recapeamento, de 72 mil metros quadrados de pavimentação, executados com massa asfáltica quente, atendendo diversas regiões da cidade, teve o registro da empresa vencedora do processo licitatório, que contemplou mais de seis mil toneladas do produto, com um custo orçado e aprovado em quase dois milhões de reais. E o trabalho compreendeu a limpeza e lavagem da pista, pintura de ligação e aplicação de massa asfáltica, sinalização horizontal e vertical e implantação de rampas de acessibilidade com piso tátil. Um pouco mais do que se tem apresentado aqui na cidade. A pavimentação asfáltica como tantas outras estruturas, sofre mesmo desgastes causados por fenômenos climáticos, ação do tempo e, claro, pela própria rodagem de veículos. Por isso ser faz tão necessária, periodicamente, a realização de serviços de conservação ou reparo da malha de asfalto. Normalmente, antes de qualquer intervenção, faz-se estudo da condição do pavimento, sempre precedido de duas avaliações, uma funcional e outra estrutural. O objetivo das análises é a coleta de dados da condição da superfície pavimentada para que sejam definidas as opções de restauração apropriadas.


Segundo os especialistas consultados por nossa reportagem, as opções mais econômicas, cujas misturas asfálticas são usinadas a frio, seriam mais indicadas para o revestimento de ruas e estradas de baixo volume de tráfego, ou ainda como camada intermediária

 

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Edição 18/04/2024
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