Uma das primeiras medidas restritivas anunciadas pelo governo municipal como forma de evitar ou pelo menos diminuir aglomerações e consequentemente dificultar a propagação do novo coronavírus foi a proibição da utilização de praças e outros logradouros públicos para atividades de lazer. Porém, assim como alguns estabelecimentos comerciais continuaram abertos, o desrespeito aos decretos assinados pelo prefeito Vinicius Claussen tem sido registrados com frequência. Nos últimos dias, recebemos e registramos algumas imagens de grandes grupos praticando esportes em locais como a Praça Olímpica Luís de Camões, na Várzea, e no surrado campo anexo ao Tiro de Guerra, no populoso bairro de São Pedro. Em ambas as situações, além do não cumprimento ao Decreto Municipal 5280/2020, o último que trata sobre o tema, é que nesses locais funcionam unidades de segurança – que deveriam coibir a prática esportiva.
Na Várzea, após inúmeras denúncias de jovens utilizando as quadras, a Prefeitura fixou cartazes informando a proibição da utilização do local e colocou fitas plásticas de interdição, o que não tem sido suficiente para evitar o desrespeito às medidas necessárias para diminuir as chances de propagação da Covid-19. Para receber denúncias sobre esse e outros atos que vão contra a saúde pública, o governo municipal disponibilizou o número (21) 98126-4038, que também funciona como WhatsApp.
Além das áreas de lazer, em um período de 18 dias, entre 22 de março e 8 de abril, as equipes de fiscalização, vinculadas à Secretaria Municipal de Fazenda, registraram 537 denúncias feitas pela população, de estabelecimentos comerciais, agências bancárias e de vendedores ambulantes que seguiam funcionando em descumprimento ao decreto municipal. A operação choque de ordem foi realizada nos bairros Albuquerque, Fonte Santa, Meudon, Paineiras, Pimentel, Rosário, São Pedro e Várzea – área urbana; em Água Quente, Boa Fé, Bonsucesso, Cruzeiro, Imbiú, Independente de Mottas, Mottas, Pessegueiros, Providência, Santa Rosa, Sebastiana, Vargem Grande, Venda Nova e Vieira – na zona rural. As medidas restritivas seguem até 28 de abril.
Efeitos sociais da pandemia entre os jovens
Responsáveis por sugerir políticas públicas que ajudem a promover o bem-estar e os direitos de quem tem entre 15 e 29 anos de idade, membros do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) estão preocupados com os impactos da pandemia do novo coronavírus entre os jovens. A preocupação ocorre, principalmente, com a parcela mais vulnerável, afetada pelo desemprego e por outros problemas antes mesmo do surgimento da doença e das suas consequências econômicas.
“Basta vermos as dificuldades que os jovens já enfrentavam para sabermos que, a médio e longo prazo, quando superarmos a pandemia, os mais prejudicados serão eles. Principalmente os que não tiverem capacitação técnica, instrução ou experiência. Esses vão ter mais dificuldade de acessar os postos de trabalho”, disse o presidente do Conjuve, Rafael Davi Campos.
Representante do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos no conselho, o advogado com pós-graduação em gestão pública defende que, embora a prioridade, neste momento, seja evitar que a doença se espalhe e proteger a população indistintamente, é necessário pensar adiante e providenciar meios de proteger os grupos mais suscetíveis aos desdobramentos da pandemia. “É papel do Conjuve destacar a importância de não olharmos apenas para o presente, de nos anteciparmos e pensarmos no futuro. Nesse sentido, é preciso um olhar atento às políticas públicas voltadas para a juventude, pois muitos jovens são pais de família, sustentam suas casas, ajudam seus pais, e certamente enfrentarão grandes dificuldades”, acrescentou Campos.