Marcello Medeiros
Se falta gestão ou dinheiro, os teresopolitanos ainda não descobriram. Mas, o que todos sabem é que, infelizmente, não dá para continuar esperando o governo municipal para resolver problemas básicos das comunidades. Por conta disso, tem sido cada vez mais comum a união de moradores para solucionar situações que deveriam estar na agenda diária das secretarias municipais de Obras e Serviços Públicos, mas que, pela inoperância desses setores, acabam tomando proporções cada vez maiores. O último registro de mutirão aconteceu na localidade de Arrieiro, entre Santa Rita e Posse, onde um grupo de moradores se juntou para promover a desobstrução e melhoria da Estrada Rincão do Vovô, que deveria ser muito melhor cuidada do que já esperado: Ela dá acesso a também à sede Santa Rita do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis e, dessa forma, poderia ser explorada turisticamente.
Com grande inclinação e sem calçamento em 98% da sua extensão, a estrada em terra batida está intransitável em vários pontos. Com as chuvas de março, o acesso para alguns tipos de veículo tem ficado ainda mais complicado. No fim de semana anterior, por exemplo, o condutor de um Fiat Palio que seguia da Posse em direção ao Segundo Distrito por pouco não sofreu acidente ou pelo menos teve prejuízo financeiro por conta do lamaçal e buracos que impediam a trafegabilidade. Outro problema além do calçamento é em relação à obstrução pela vegetação, com várias árvores fechando parcialmente o caminho. Em relação iluminação pública então, já é uma demanda que os moradores “desistiram” de cobrar. Afinal, se em vias de grande movimentação as comunidades já vivem na completa escuridão, o que esperar de uma estrada que liga uma comunidade pouco habitada e uma localidade da Zona Rural?
“Cansamos de esperar pela prefeitura e, com a estrada praticamente interditada, decidimos fazer nós mesmos o serviço de limpeza. Aos políticos governantes fica somente o direito de cobrar taxa de iluminação pública, sendo que não existe iluminação pública, e bater as nossas portas em época de eleição. Que vem venha esse bando de imprestáveis, os moradores estão esperando ansiosamente!”, enfatiza a leitora Josy S., uma das pessoas que entrou em contato com a redação do jornal O Diário e Diário TV para pedir publicação de reportagem enfatizando a participação popular e a ausência da gestão municipal.
Concreto no lugar de asfalto
No dia 24 de março passado aconteceram mutirões de recuperação de ruas na Pedreira e Jardim Suspiro, localidades onde as crateras geravam riscos de acidentes e até da interrupção da passagem de veículos, entre eles os coletivos que atendem a essas comunidades. Em ambos os casos, os moradores juntaram dinheiro para adquirir cimento, areia e pedra, além de reunir pedreiros e ajudantes para transformar o material em concreto e depositar nos buracos que há tanto tempo já estavam na lista de reclamações da prefeitura. “Cansamos de cobrar, de ligar, de reclamar com Ouvidoria, com secretário do prefeito e até com o próprio, e não sermos atendidos. Então nos juntamos, cada um deu um pouquinho, além da própria mão de obra para realizar o serviço. A união faz a força”, destaca um morador da Pedreira. Em Jardim Suspiro, comunidade vizinha à Albuquerque, a operação da comunidade aconteceu em trecho conhecido como “Vivenda Três Marias”, nas proximidades do quilômetro 06 da Teresópolis-Friburgo.
Lixeira vira jardim
Há anos convivendo com um grave problema, um enorme depósito clandestino de lixo ao lado da passarela que liga os bairros de Fátima e Beira-Linha, moradores da segunda comunidade cansaram de esperar por solução do poder público e se uniram para tentar resolver a situação. Após a retirada de grande quantidade de resíduos de todo o tipo o tipo – problema que acontecia semanalmente – eles realizaram a construção de um pequeno jardim para tentar evitar que o espaço volte a ser utilizado irregular e criminalmente. Eles se cotizaram para arrecadar o material de construção e uniram mão de obra da própria comunidade para preparar o terreno, levantar a pequena mureta e plantar flores e outras espécies para dar vida a um lugar que representava grande risco para a saúde dos moradores do entorno. Com a montanha de lixo, era enorme também a quantidade de ratos, mosquitos e outros vetores de doença, tudo isso bem em frente a um posto de saúde administrado pelo governo municipal.