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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Grande drama para realizar sepultamento no interior

Família paga por serviço, não consegue cova e enterro atrasa mais de quatro horas

Mais uma família passou por um grande drama para conseguir sepultar um ente querido em Teresópolis. Em março passado, teve grande repercussão a situação envolvendo a falta de coveiros na maioria dos campos santos do município e, nesta segunda-feira, a falta de preocupação na prestação de informações causou enorme prejuízo emocional para parentes de uma idosa de 81 anos moradora da localidade do Imbiú, no Terceiro Distrito. Ela faleceu no domingo e o sepultamento estava marcado para as 12h desta segunda-feira, em cova rasa no cemitério de Venda Nova, a poucos quilômetros de sua residência. Segundo familiares, todas as taxas exigidas pelo governo municipal foram quitadas e, hora de se despedir da matriarca da família, veio a notícia “que não se pode mais realizar sepultamentos em cova rasa”.  “Pagamos todas as taxas e não falaram nada. Receberam lá no Caingá e combinaram fazer cova para sepultamento ao meio dia. Já são 13h45 e ninguém resolveu nada. Cadê o prefeito, está fazendo o quê? Não é só para o Alto que tem fazer não. Aqui no interior tudo está esquecido, o prefeito só quer encher bolso dele”, relatou um dos filhos da aposentada Ivana, Nivaldo, ao repórter José Carlos “Cacau”, que acompanhou de perto todo o drama da família. “Falaram para a gente que não pode fazer em cova rasa, mas já foi tudo pago”, completou.
Em um momento que já é difícil para os familiares, eles ainda tiveram que se dividir para buscar informações na Defensoria Pública e na própria prefeitura sobre o que poderia ser feito. Por volta das 15h, receberam informação que, por conta de impedimento judicial para realização de sepultamento em covas rasas, o enterro da senhora Ivana teria que ser feito no Cemitério Municipal Carlinda Berlim, o Caingá, a mais de 20 quilômetros de distância e três horas depois de quando deveria ter acontecido. “Nem com bicho faz isso. Minha mãe não é bicho não”, disse outra filha, também durante transmissão realizada por “Cacau”. 
Ainda mais emocionados e tensos por conta da falta de respeito com a família, os parentes de Ivana se preparavam para o translado para a zona urbana quando receberam informação que, com a liberação de um túmulo em Venda Nova, poderia ser feito ali o sepultamento. Mesmo assim, ainda teriam que aguardar por mais um tempo. “Faltam placas de concreto para fechar a sepultura. Mas vamos fazer aqui. Se tiver que sair daqui vamos fazer velório na prefeitura. O corpo da minha mãe não vai para a geladeira nem a pau. Pode botar policia, fazer o que quiser, mas era para ser sepultado até às 12h e ficou nessa safadeza”, destacou o filho ao repórter. Pouco tempo depois, mais um capitulo triste: Eles acabaram sendo obrigados a trazer o corpo da idosa para o Carlinda Berlim, realizando o sepultamento depois das 16h em uma gaveta mortuária.
Cobramos um posicionamento do governo Vinicius Claussen nesta segunda-feira, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura. Porém, não obtivemos nenhuma resposta até o fechamento desta edição.

Faltam coveiros e investimentos
No dia 02 de março passado, publicamos reportagem mostrando que a falta de investimentos nos cemitérios do município, mesmo que serviços e cuidados básicos como a preocupação com o número adequado de funcionários, tem gerado situações dramáticas. Na ocasião, contamos a história de uma família residente em Vieira, no Terceiro Distrito. O sepultamento estava marcado para as 10h do dia primeiro, mas por falta de coveiro, só aconteceu cerca de três horas depois.  Isso porque não havia um funcionário sequer designado para tal função lotado no cemitério daquela localidade. “Aliás, em nenhum outro do Terceiro Distrito. Além de Vieira, existem campos-santos em Bonsucesso, Venda Nova e Canoas, regiões cada vez mais populosas e onde, consequentemente, a cada ano o número de sepultamentos é maior”, denunciou o jornal à época.
Questionada sobre a situação, a secretaria municipal de Serviços Públicos alegou que “todos os coveiros ficam concentrados no Cemitério Carlinda Berlim” e que “eles são transportados até o local nos horários marcados”. Ainda segundo a nota divulgada pela Assessoria de Comunicação do Governo Vinicius Claussen em março “isso acontece porque em alguns cemitérios, acontece intervalo de vários meses entre os sepultamentos”.
O posicionamento de tal secretaria, porém, mostrou o total desconhecimento do importante setor. Só naquela semana, por exemplo, aconteceram oito falecimentos de moradores do Terceiro Distrito, sendo dois em Vargem Grande, dois em Santa Rosa, dois em Vieira, um em Sebastiana e um em Mottas.  “Dessa forma, não há cabimento a desculpa de manter um reduzido número de funcionários nos cemitérios, obrigando a administração dos campos-santos a se desdobrar para atender aos teresopolitanos em um momento que naturalmente já é de dor e sofrimento”, frisou ainda O Diário. Naquele momento apuramos que existia apenas um coveiro na função, sendo que outros trabalhadores do setor de Serviços Públicos precisavam ser deslocados para auxiliar nos sepultamentos.

Vários cemitérios, poucos funcionários
Principal cemitério do município, o Carlinda Berlim tem 3.465 sepulturas, além de aproximadamente 2.300 covas rasas, duas mil gavetas e mesma quantidade de nichos (locais para o depósito dos restos mortais depois do período nas gavetas mortuárias). Nas últimas quadras (37, 38 e 39) ficam localizadas as covas rasas. Quem visita o local pode achar que estão enterradas ali somente pessoas sem condições financeiras ou indigentes, mas estão também nas covas rasas até famílias ricas que optaram pela simplicidade.
Para quem não possui sepulcro perpétuo na família e não quer realizar o enterro nas covas rasas, a única opção são as gavetas, alugadas pelo período de quatro anos. Depois desse prazo, o corpo é exumado. Caso o familiar queira, os restos mortais são transferidos para os nichos. Para tanto, é cobrada uma taxa única de perpetuação. Após a desocupação, a gaveta é higienizada e liberada para novo sepultamento.  Cerca de dois anos atrás, O DIÁRIO mostrou o problema da falta de locais para sepultamento. Para liberar as gavetas, começaram a ser construídos mais nichos. Porém, a obra de ampliação parou no governo tampão de Pedro Gil. Sobre a falta de investimentos nessa área, a atual gestão informou em março que “assumiu a Prefeitura com vários setores sucateados, incluindo os cemitérios, com falta de materiais e de ferramentas/equipamentos”. Além do Caingá, existem outros oito campos-santos em Teresópolis: Canoas, Venda Nova, Vale Alpino, Vieira, Bonsucesso, Santa Rita, Serra do Capim e Rio Preto, este menos conhecido e utilizado, localizado próximo ao Imbiú. 

 

Reprodução José Carlos “Cacau”

Repórter José Carlos “Cacau” que acompanhou de perto todo o drama da família. “Se tiver que sair daqui vamos fazer velório na prefeitura. O corpo da minha mãe não vai para a geladeira nem a pau. Pode botar policia, fazer o que quiser, mas era para ser sepultado até às 12h e ficou nessa safadeza”, destacou um dos filhos da idosa

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Edição 24/04/2024
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