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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Feiras de agricultura reclamam da falta de apoio em Teresópolis

Um dos espaços, bem ao lado da prefeitura, reduziu drasticamente número de expositores e consequentemente de clientes

Enquanto se defende um suposto novo “título” para Teresópolis, de “terra do lúpulo”, muito pouco se valoriza o que realmente tem grande relevância e garante reconhecimento do município nessa área: As produções das lavouras do Segundo e Terceiro Distritos, com variedade enorme de folhosas, entre outros. A importância dessa região para o estado do Rio é tanta que, na greve dos caminhoneiros no ano passado, o governo estadual mandou até o Exército para desobstruir as barreiras realizadas por alguns profissionais e garantir o abastecimento de mercados da Capital. Além dos grandes produtores, é preciso valorizar e incentivar os menores, que geralmente comercializam o que tiram da terra ou produzem em suas cozinhas em pequenas feiras, aqui mesmo em Teresópolis. E, segundo eles, tal apoio não vem acontecendo há bastante tempo, refletindo na decadência de locais como as Feiras da Agricultura Familiar. Um desses exemplos é a que funciona ao lado da prefeitura, todas as quartas-feiras. O volume de expositores e clientes ficou no passado e, hoje, apenas quatro feirantes trabalham para não perder totalmente o seu espaço.

“Teve dia vendi R$ 14 reais, não paga nem a banca. Temos esperança que volte apoio”, conta a feirante Maria das Graças

Na última quarta conversamos com os “heróis da resistência”, que reclamaram da total falta de apoio do governo municipal e relataram a enorme dificuldade para continuar se deslocando da zona rural até o Centro para comercializar seus produtos. “Quando comecei aqui era até difícil de andar e hoje está aqui sozinho. O secretário nunca apareceu, se ver na rua nem sei quem é. Estamos sozinhos, e as poucas pessoas que vem reclamam que todo mundo sumiu, que era mais organizada e hoje está isso aí. A gente está sozinho, sem saber que fazer, se para, se continua. As pessoas pedem para não parar, mas está difícil chegar a algum lugar.  O cliente vem e não tem variedade, reclama, e acaba indo comprar em outros lugares.  Estamos fazendo o que podemos, mas está difícil. Não temos apoio do secretário e o prefeito nunca veio fazer uma visita sequer. Se amanhã ou depois ninguém mais aparecer é por causa disso”, destaca Neir Mattos, produtor rural baseado em Vargem Grande.

“O prefeito nunca veio fazer uma visita sequer. Se amanhã ou depois ninguém mais aparecer é por causa disso”, destaca Neir Mattos

Expositora desde a abertura do espaço, Maria das Graças, moradora de Cruzeiro, relata que há dias que eles não arrecadam nem para pagar o valor do aluguel da barraca, de R$ 35 por dia. “Hoje em dia cada um caminha com suas pernas, tenta ser família, mas sem apoio é difícil, não se tem muita divulgação. Quanto mais diminuindo, vai enfraquecendo e comprador que passava olhando vê tão poucas barracas e não tem motivação para parar. Sou a última que sobrevivi da primeira feira. É um dia após o outro, dia bom, dia ruim… Teve dia vendi R$ 14 reais, não paga nem a banca. Temos esperança que volte apoio”, conta a feirante, que vende bolos caseiros, produtos da sua pequena lavoura e alguns artesanatos.
As Feiras de Agricultura Familiar do projeto "Vem Pra Roça" são: Rua Fritz Weber, 75, Várzea, às quartas e sábados, das 8h às 13h; Praça Nilo Peçanha (Ginda Bloch), Alto, sábados, das 8h às 13h; Praça Juscelino Kubitscheck (Casa de Cultura), domingos, das 8h às 14h; Praça Governador Portella (Prefeitura), quarta-feira, das 8h às 14h; Praça Higino da Silveira (Feirinha do Alto), sábados e domingos, 8h às 14h.


NA FOTO DE ARQUIVO: O volume de expositores e clientes ficou no passado. Falta apoio da Prefeitura 

Problema não é de hoje
Em maio passado, a reportagem do jornal O Diário e Diário TV esteve na localidade de Brejal, no Segundo Distrito, e apurou que a situação vem se agravando e nem sequer há uma previsão de que algo seja feito em favor desses trabalhadores que lutam contra todas essas condições adversas para produzir verduras e legumes de qualidade. A agricultura familiar teve um impulso há cerca de dois anos, com a criação de feiras exclusivas, mas há alguns meses a situação começou a ficar insustentável. "Quando começou o apoio foi grande e de repente, após a mudança do governo, abandonaram a gente completamente e está difícil. Eu vivo desse trabalho, só trabalho com isso, como que vou sustentar minha família? Estamos querendo apoio, que não esqueçam do interior. Nem mesmo os vereadores não nos dão atenção, só um deles. Estamos abandonados. Na feira hoje só temos quatro produtores e assim não funciona, eram quinze. Não tenho como plantar muito, senão vou perder. Aí eu consigo cobrar barato, até mais barato que os mercados", relatou Maicon da Silva, mais conhecido como Kiko. "São muitas dificuldades para escoamento por conta da situação precária da estrada para fazer o transporte, no preço dos insumos que está muito alto, a energia elétrica que subiu muito e está complicando porque o preço da mercadoria não dá para aumentar, mas as contas subindo demais. Muitos produtores abandonaram, os filhos de quem produz já não querem mais trabalhar com isso. O povo interior está abandonado, está difícil mesmo", completou Adilson Maia.

Posicionamento da Prefeitura
Em nota encaminhada para a redação do jornal O Diário, através da Assessoria de Comunicação, a Secretaria Municipal de Agricultura informa que, em reuniões com os feirantes, foi apontada como causa para a diminuição do público das feiras a restrição de produtos autorizados pela legislação, que só permitia venda de produtos locais, proibindo a comercialização de outros produtos complementares de outros municípios. “A partir dessa constatação, a Secretaria elaborou um projeto de Lei alterando essa questão, o qual foi discutido amplamente com os feirantes em reunião na Secretaria, com a presença de seu corpo técnico e jurídico, e aprovado pelo Conselho Municipal de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural no dia 17 de abril do presente ano. Esse projeto foi então encaminhado para a Câmara Municipal, apreciado e aprovado em 10 e outubro. A partir de então, sancionada pelo Prefeito, a Lei 3792/2019 agora prevê a oferta de um mix de produtos, locais ou não, de acordo com o regulamento de cada feira estabelecido pelo grupo de agricultores”, se defende.  
A mesma Lei também prevê a comercialização de produtos artesanais, produzidos com os insumos da agricultura local. Com essa nova lei, e o consequente aumento de variedade de produtos comercializados, a expectativa é de que o público das feiras aumente progressivamente.

 

 

 

 

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Edição 19/04/2024
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