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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Dia Mundial da Água: Você realmente conhece o nosso Paquequer?

Principal rio do município nasce e morre todos os dias, e, no meio desse duro caminho, é maior do que se pode imaginar

Mochileiro – Marcello Medeiros

Paquequer, um rio que nasce e morre todos os dias. Das águas cristalinas nas montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos ao esgoto misturado com lixo na foz, em Providência, onde deságua no Preto, ele é exemplo de vida e desprezo. Falando em vida, nunca é demais citar as famílias de capivaras que são atração quando nadam nos trechos urbanos, principalmente, além de várias outras espécies que vivem ou buscam parte do que precisam para sobreviver no nosso principal curso d´água. Nesta sexta-feira, 22 de março, foi comemorado o Dia Mundial da Água. Então, nada mais justo que destacar aqui mais uma vez esse rio, que, além de sinônimo de renovação, poderia ser mais uma fonte de renda para o município através do turismo: Suas cachoeiras poderiam ser atrativos e as corredeiras ideais para a prática de esportes, como o rafting, por exemplo, caso houvesse um planejamento para sua recuperação ambiental.
De volta ao início, nos domínios do PARNASO existem dezenas de cachoeiras e poços, muito procurados no Verão. Inaugurado uma década atrás, o último trecho da Trilha Suspensa permite ao visitante ver bem de perto um rio totalmente limpo, que convida ao banho. Após receber a água do rio Beija-Flor, o Paquequer segue por dentro da sede local da unidade de conservação. Ao lado da portaria do parque, abaixo da ponte Slooper, as cachoeiras também tem muita visitação.
Já tendo recebido muito esgoto dos bairros do Comary, Ilha do Caxangá, Araras e Beira-Linha, várias corredeiras e uma grande queda chamam a atenção na Cascata Guarani. Esse trecho, nos saudosos tempos em que se podia tomar banho no Paquequer, era bastante frequentado – há diversas fotos antigas conhecidas na Cascata, hoje completamente descaracterizada pelas construções nas suas margens, assoreamento e o lixo. Para facilitar a identificação do leitor, essas quedas ficam próximas à entrada da Beira-Linha, através da Avenida Alberto Torres.
Na primeira edição do projeto SOS Paquequer, em 2008, foi um dos trechos mais difíceis a serem percorridos pelos barcos dos ambientalistas. “Em um lugar há uma queda de mais de dez metros de altura. Tivemos que descer as embarcações e depois passar pela margem e até pela água”, lembra Doldaninho “Zico” Barbosa, um dos idealizadores do movimento de conscientização ambiental que fez história em Teresópolis.

Grandiosidade abandonada
Uma das maiores e mais bonitas quedas do Rio Paquequer é a Cascata do Imbuí, com mais de 100 metros de altura. Mas, apesar de tanta beleza toda aquela água é a mesma que cruza a cidade, ou seja, tomada pelo esgoto domiciliar, garrafas pet e sacolas plásticas, além de outros tipos de resíduos que não deveriam esta ali. Soma-se a esses problemas o abandono do poder público com o espaço físico do entorno, o que dificulta ainda mais qualquer interesse de visitação.
Certa vez, após a publicação de reportagem sobre o assunto, recebemos diversos e-mails de leitores mostrando sua indignação pela maneira que o rio vem sendo tratado, por quem deveria trabalhar pela sua recuperação, independente de cargo político. Entre os e-mails, um destacava justamente a Cascata do Imbuí. “Água é vida. Todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber, disso. Vejo muita gente reclamar do estado do rio, mas essa mesma pessoa joga lixo rua, joga resto de obra nas margens… Contribuindo assim para a degradação do Paquequer”, atentou o leitor Carlos Eduardo Cordeiro. 
Não fosse a água do Paquequer tratada como destino de todo o esgoto do município, o nosso principal rio, com certeza, seria um local ideal para a prática de esportes. A partir da localidade do Matadouro, divisa com Córrego dos Príncipes, até o encontro com o Rio Preto, em Providência, há dezenas de corredeiras. No Matadouro, não muito das casas populares construídas e logo em seguida abandonadas pela prefeitura, além de uma queda de aproximadamente cinco metros de altura há um grande poço, que certamente seria um point para o banho se a situação fosse diferente.

Desinteresse preocupante
As corredeiras do nosso principal curso d´água são apenas um pequeno exemplo das suas belezas e de que elas deveriam ser melhor aproveitadas – ou, no caso, recuperadas. Como citei no começo do texto, o “Paquequer é um rio que nasce e morre todos os dias”. Ainda está longe de o teresopolitano entender sua grandiosidade e suas maravilhas e, mais do que isso, sua importância para a VIDA em nosso município. É preciso compreender que fazemos parte desse tão falado “meio ambiente” e que ele não é apenas “o mato que nos cerca” ou o “riozinho que atravessa a cidade”.
Outro ponto que deve ser observado é o grande desinteresse político. A responsabilidade da manutenção do Paquequer e outros rios é do Instituto Estadual do Ambiente, o Inea, que, por sua vez, raramente aparece por aqui e, quando coloca suas máquinas e pessoal, é, no máximo para realizar um questionado desassoreamento – isso a cada quatro ou cinco anos. Mas evitar que mais lixo ou esgoto sejam despejados criminosa e continuamente, promover a recuperação da mata ciliar, entre outros por menores voltados para a educação ambiental, também é função do município.

Outros caminhos
Logicamente o Paquequer é principal exemplo da necessidade de intervenção para a manutenção da água e consequentemente qualidade de vida do teresopolitano. Diversos outros rios deságuam nele e sofrem os mesmos problemas gerados pela pressão antrópica, resultado de crescimento populacional desordenado e total ausência de preocupação política em relação aos problemas ambientais gerados por ela. De São e Pedro e Meudon, por exemplo, descem afluentes que hoje têm muito mais esgoto e resíduos industriais do que água propriamente dita. 

Tente enxergar
O citado projeto SOS Paquequer foi o último grande exemplo de participação popular voltada a despertar o interesse pela recuperação do nosso principal curso d´água. Durante três anos seguidos, um grupo de apaixonados por Teresópolis percorreu grande parte do rio em barcos improvisados, em boa parte das vezes construídos com garrafas pet, buscando registrar os problemas encontrados no caminho da água e fazer com que o teresopolitano passasse a enxergar o que na maioria das vezes somente vê.

 


Garrafas pet, tijolos, aparelhos de ar condicionado… Alguns poucos exemplos de objetos que errôneamente habitam as margens do nosso Paquequer

 

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Edição 29/03/2024
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