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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Desabamento no Dedo de Deus é considerado normal na região

Casos parecidos já foram registrados na montanha nos últimos anos. Três anos atrás, aconteceu grande deslocamento de pedras na área da Verruga do Frade

Marcello Medeiros

Nos últimos dias, quem parou para admirar o espetacular visual da Serra dos Órgãos, a partir do Mirante do Soberbo ou nas proximidades de um restaurante poucos quilômetros abaixo, às margens da rodovia Rio-Teresópolis, se surpreendeu com um marca bastante diferente – e preocupante – abaixo da montanha mais famosa do país, o Dedo de Deus. Devido ao acúmulo de chuva do período, e a cabeça d´água que atingiu a região na última quinta-feira, houve um grande deslizamento de pedras e terra que arrastou parte da vegetação e deixou a enorme clareira em destaque. Três dias depois, um novo escorregamento de volumosas pedras, agora na parte alta do “polegar” do Dedo. O movimento foi ouvido por moradores da localidade do Garrafão, em Guapimirim, que relataram em redes sociais o susto por conta do estrondo. Apesar da assustadora proporção, o material que se desprendeu da íngreme encosta não atingiu a BR-116. Nesta quarta-feira (26), tentamos um posicionamento da Concessionária Rio-Teresópolis, responsável pela rodovia, para saber se, mesmo problemas diretamente na estrada, nesse primeiro momento, haveria uma vistoria para possível intervenção ou interdição. Porém, não obtivemos nenhuma resposta até o fechamento desta edição.
Também buscamos um posicionamento oficial do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, fazendo contatos com três setores da sede Teresópolis e diretamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, através da Assessoria de Comunicação, mas também não houve pronunciamento. Extraoficialmente, apuramos que uma equipe do Parnaso já foi deslocada para uma primeira avaliação e que na região estava em andamento uma pesquisa com o macaco Muriqui, mas sem informações sobre possíveis danos aos trabalhos dos pesquisadores. 
Em relação ao acesso à montanha, este não foi afetado porque a trilha fica à esquerda do local onde houve movimento de terra. Apenas uma via de escalada foi afetada diretamente, a “Grande Leste”. Conquistada em 1980 por Mário Arnaud, Maurício Mota e Francisco de Assis, ela está no “polegar” e termina na parte onde houve o segundo deslizamento. “Após o grande platô, o trepa-mato à esquerda desmoronou interrompendo o ultimo trecho da via até o cume. Em breve será feita avaliação da via e possíveis alterações”, divulgou o site www.escaladas.com.br já no fim de semana. Graduada em D2 6º VIIa A1 E2, a via tem 200 metros de extensão e foi reformada recentemente pelos escaladores teresopolitanos Diogo Marassi, Rennan Gaspar Mendes e Mauro Mello.

Situação considerada normal
O que se pode afirmar é que esse tipo de deslocamento de encostas é considerado normal nessa região, devido às suas características de inclinação, tipo de solo e volume de chuva principalmente nessa época do ano. Vários pequenos escorregamentos de terra e pedras foram registrados no próprio Dedo de Deus nos últimos anos. Na década de 60, por exemplo, houve a preocupação “que a montanha poderia cair”, o que logicamente foi descartado com as apurações seguintes sobre a situação. No início dos anos 2000, um deslizamento mudou o traçado do principal acesso da montanha, em local conhecido como “Cuíca”.

Barreira na “Testa do Frade”
Quase que exatamente três anos atrás, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos registrou caso semelhante em outra conhecida formação rochosa protegida pela unidade de conservação ambiental. Em fevereiro de 2017 aconteceu o deslocamento de um grande bloco de pedras em uma das encostas do Capucho ou Testa, uma das montanhas que compõem o “Frade” em conjunto com Nariz, Verruga e Queixo.
O enorme maciço de granito se desprendeu em ponto com grande inclinação e desceu levando tudo que encontrou pela frente, uma densa floresta e nascentes que compõem o nosso principal rio, o Paquequer. As pedras causaram a abertura de uma clareira de quase um quilômetro e cerca de 100 metros de largura no ponto mais aberto. O deslocamento de rochas é um processo normal em ambientes naturais e, como temos aprendido da pior maneira possível nos últimos anos, quando acontece em áreas erroneamente ocupadas pelo homem, as perdas humanas e materiais são muitas. Na ocasião, o Parnaso solicitou apoio da secretaria municipal de Defesa Civil para analisar o local.

 


Extraoficialmente, apuramos que uma equipe do Parnaso já foi deslocada para uma primeira avaliação e que na região estava em andamento uma pesquisa com o macaco Muriqui

 

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Edição 25/04/2024
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