Cadastre-se gratuitamente e leia
O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
em seu dispositivo preferido

Audiência pública na câmara discute acordo da Sudamtex

Prefeitura defende a construção de um bairro com 26 prédios de 8 andares no antigo Parque Fluvial

Wanderley Peres

Com um público médio de 100 pessoas, interagindo na internet, e transmissão ao vivo pela Diário TV, ocorreu entre as 16h e 18 horas desta quarta-feira, 27, audiência pública pedida pelo movimento Planeja Terê para discutir a criação do bairro Sudamtex, proposto em acordo assinado pelo prefeito Vinicius Claussen e que depende da participação popular e da deliberação e aprovação da câmara de vereadores para sua efetivação.
O que está em jogo, além de aparentes interesses inconfessáveis entre eles a especulação imobiliária, é a criação de um bairro nos vários terrenos que compõem os 150 mil metros quadrados da área da extinta Sudamtex, onde os proprietários já têm o aval para construir 26 blocos de apartamentos de com oito andares. Para receber o prêmio da permissão do novo bairro, os donos da Sudamtex conseguiram reverter uma multa de R$ 22 milhões, em valores de janeiro de 2014, na cessão de uso de um túnel e de um trecho de margem de rio, além de melhorias num galpão para onde a prefeitura teria de mudar a sua sede, a "cereja do bolo" do loteamento proposto, obrigando-se ainda, a municipalidade, a permitir o aumento do gabarito da região, que seria de 6 andares e iria a 8.
Participaram da audiência Rodrigo Koblitz, Ricardo Wagner e Leo Bittencourt, do Planeja Terê; Paulo Henrique, Alessandro Heilshein e Davi Furtado, da secretaria de Planejamento, o secretário Flávio Castro, de Meio Ambiente, e os vereadores Ronni e Maurício Lopes, além do vereador-líder do prefeito, Tenente Jaime, que apareceu nos minutos finais e pouco opinou.

 

Projeto: Bairro novo em Teresópoli no terreno da antiga fábrica da Sudamtex. Esse projeto é um "estudo" feito e divulgado na internet

O imbróglio foi destrinchado com elucidativo relatório e as críticas a ele feitas pelos integrantes do movimento. O procurador da prefeitura, Gabriel Palatinic defendeu o acordo, cegamente, como sendo um bom negócio para o município, mas não convenceu. Único vereador a questionar o acordo, Maurício Lopes, que é membro da comissão que trata do caso, reclamou dos atropelos e da falta de transparência na decisão do chefe do Executivo municipal em concordar com as pretenções do empresário dono da Sudamtex, denunciando que tudo foi feito às escuras. "Foi tudo feito na total falta de transparência. Deram nome ao bairro e às ruas sem ouvir a câmara, que também não foi consultada sobre o acordo que pretendiam assinar. Como pode o prefeito dizer que vai levar a sede da prefeitura para a Sudamtex se a transferência do poder depende de autorização da câmara? Aconteceram diversos atropelos, especialmente com relação à população, que não foi ouvida ou perguntada sobre o assunto que tanto interessa, afinal a municipalidade está dispondo de R$ 22 milhões para adquirir a cessão de uso por tempo determinado de um túnel desabado, uma margem de rio e um galpão que vai precisar fazer obra nele para adaptá-lo a um centro administrativo. Não tem como alguém que gosta de Teresópolis ver isso com um bom negócio".
Um dos líderes do movimento, e por ter se posicionado contra a aberração já sofreu retaliações, o arquiteto Ricardo Wagner deixou claro que o acordo não interessa ao urbanismo da cidade.  "Esse acordo não nos interessa. Ele é bom apenas para quem agrediu o ambiente e ainda leva o município a novo prejuízo ambiental. Estamos pagando uma fortuna por uma área onde o proprietário não conseguiria construir nada e seria naturalmente preservada pelo natural abandono. E ainda estamos autorizando, em troca do direito de ocupar uma margem de rio a construção de um bairro", disse, concordando com ele o professor Rodrigo Koblitz. "É um péssimo acordo. E o procurador vem dizer que a prefeitura 'entrou no processo', como se não tivesse empenhada nele, ignorando a sua obrigação de defender o interesse da população. Os projetos e propostas apresentados são fantasiosos, como teleféricos que ninguém viu o projeto e faculdade de instituição que está em insolvência", disse.
Além de relatar a audiência, Leo Bittencourt fechou rechaçando a fala do procurador-geral da prefeitura que comparou o acordo da Sudamtex com a ação da praça Olímpica, esta desapropriada de forma inconsequente e por isso ainda rendendo problemas sérios para a municipalidade. "Esse acordo é uma outra coisa, não cabe essa comparação. A prefeitura não entrou nele ao acaso, a municipalidade entrou nele por conquista, e o valor da multa não pode ser revertido em benesses que não nos interessam e ainda nos arranjam novos problemas. Foram necessárias duas indicações legislativas, do deputado Carlos Minc, para que a permuta da multa ao município fosse efetivada. Não foi favor da empresa ao município, foi por empenho de quem buscava o interesse do município nessa questão. Assim, o prefeito deveria avaliar o acordo proposto e se ele não nos contempla, deveria ter buscado um novo acordo ou não concordar com ele", disse.

 

 

Tags

Compartilhe:

Edição 25/04/2024
Diário TV Ao Vivo
Mais Lidas

Homem é preso por tentativa de homicídio em Teresópolis

Depois da matéria no jornal, Prefeitura publica o edital da água com correção

Teresópolis: Praça de Esportes Radicais permanece interditada após queda de muro

Mesmo quem já pagou o IPVA deste ano terá de quitar as duas taxas do CRLV-e

Bonsucesso recebe serviços gratuitos “RJ para Todos” neste sábado

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE