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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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As águas de março não fecham o verão

Período de chuvas fortes que começou em novembro vai até final de abril

Wanderley Peres

Há duas semanas do fim do verão, em 20 de março, quando iniciou a estação do Outono, não tivemos chuvas fortes esse ano e, a julgar pela música de Tom Jobim, “Águas de Março, 1974”, estaríamos agora no período em que caem as folhas das árvores não as chuvas que tanto deixam apreensivas as famílias que moram em áreas de risco, quase um terço da população, segundo estudo divulgado pelo Ministério Público uns dez anos atrás.

É um engano. O período das chuvas fortes em Teresópolis segue até final do mês de abril e ocorreram várias tragédias em nossa cidade nesse mês, ao longo dos anos. Em levantamento do Pró-Memória, feito para a Defesa Civil, tempos atrás, das 48 chuvas fortes com tragédias na cidade, registradas nos últimos 50 anos, 5 delas ocorreram em abril, a mais catastrófica delas em 6 de abril de 2012, com 230mm de intensidade, um ano depois da tragédia de janeiro de 2011, afetando a região do Alto, e fazendo 5 vítimas fatais no Rosário, onde deixou 414 desabrigados, provocando prejuízos ainda em Pimentel, São Pedro, Araras, Meudon, Quinta Lebrão e Bom Retiro.

As chuvas foram tão fortes em 2012 que o Paquequer transbordou pela primeira vez desde que o túnel do Mansur passou a extravasar o rio, em 1986. Essa enchente de abril, aliás, aconteceu praticamente em mesmo dia de outra grande enchente em Teresópolis, ocorrida em 7 de abril de 1957, até então a “maior enchente” que a cidade tinha sofrido até as chuvas da Tragédia de 2011.

Seguinte ao início do outono, e supostamente terminado o risco de enchentes com as chuvas de março, não ocorreram em abril somente essas duas chuvas fortes, de 1957 e 2012, distantes por exatos 55 anos. Tivemos violenta tempestade com alagamentos em 22 de abril de 1981; alagamentos e chuvas de granizo em 26 de abril de 1991; e outra chuva forte em 4 de abril de 2001. E, tivemos também chuvas fortes com alagamentos e quedas de barreiras, sem registros de mortes em 3 de abril de 2006 e 17 de abril de 2015.

Pesquisando as chuvas fortes em Teresópolis, vemos que elas incidem especificamente entre novembro e abril, e que tivemos cerca de cinquenta grandes chuvas nos últimos 50 anos. Embora praticamente todas as chuvas fortes registradas pela imprensa causem danos, só a definição de cada uma delas num banco de dados vai permitir um estudo que esclareça esses eventos naturais e a classificação destas chuvas, ou tragédias, por suas características, seria o ideal para o registro histórico. No entanto, enquanto estudos mais elaborados nesse sentido não são feitos, vale lembrar as enchentes pelo tempo em que aconteceram – ano, dia e mês – destacando aquelas que deixaram alguma memória por características próprias que tiveram.

Janeiro, quando ocorreu a tragédia de 2011, é o mês que mais ocorrem chuvas fortes em Teresópolis. E, das chuvas de janeiro temos fortes lembrança de outros quatro eventos: em 29 de janeiro de 1977, sofremos com inundações e quedas de barreiras, e a morte de 33 pessoas, 15 delas de uma mesma família, os Viana, em Santa Cecília. Em 2000, tivemos 4 mortes numa chuva forte ocorrida no dia 2 de janeiro; em 2001, além dos alagamentos na cidade, tivemos também um acidente no Escorrido, trecho da serra próximo ao Soberbo, onde o motorista de um fusca morreu esmagado com o deslizamento de um enorme bloco de pedra. Em 2013, num dia 4 de janeiro, alagamento no Caxangá deixou mais de 100 desabrigados. Também em janeiro, tivemos chuvas durante três dias, com muita destruição, ocorridas nos dias 17, 18 e 22. Outros registros de chuvas fortes no mês de janeiro: no dia 17, em 1978; 25 em 1979, 11 em 1981, 31 em 1982, 25 em 1985, 6 em 1992, 22 em 1994, 6 em 1996, 19 em 2000, 6 em 2002, 20 em 2007, 12 em 2011, e dia 5, em 2015.

Além de janeiro e abril, nossos meses mais críticos, sempre tivemos chuvas fortes em novembro e dezembro, ainda na primavera e, também em março, e fevereiro, os outros quatro meses chuvosos do ano.

Em novembro, temos registros de chuvas fortes nos dias 25, em 1978; 21 em 1994; 13 em 1999; 23 em 1978 (quando caiu um prédio na rua Fileuterpe); 30 em 2006 (quando caíram 25 barreiras); 3 em 2007 (chuva de granizo que atingiu Albuquerque e Canoas, além de parte da área urbana); e no dia 14; em 2012, total de sete ocorrências no mês.

Em dezembro, temos registros de nove chuvas fortes. Nos dias 28, em 1976; 3 em 1981 (quando desabou o Garrafão, destruindo 70 veículos e causando 20 mortes); 4 em 1982; 27 em 1986; 31 em 1995; 29 em 1999; 21 em 2002 (quando caíram duas barreiras no Perpétuo, provocando a morte de 15 pessoas e vários desabrigados); 6 em 2006; e dia 10 em 2012.

Em fevereiro, temos registros de cinco chuvas fortes. Nos dias 23, em 1988; 1 em 1991; 13 em 1998; 20 em 2007; e dia 3 em 2013.

Em março, temos registros de seis chuvas fortes nos últimos 50 anos. Nos dias, 15 em 1983; 11 em 1985; 1 em 1995; 12 em 2000; 6 em 2006 (chuvas que atingiram mais a Ilha do Caxangá, quando o coronel da Defesa Civil, Paulo Roberto, contraiu tifo na enchente); e no dia 18, em 2013. Também em março aconteceram duas outras enchentes em Teresópolis que foram muito comentadas na imprensa da capital: num dia 29, em 1873, quando o município tinha apenas cerca de 2 mil habitantes, e num dia primeiro, em 1929, quando já éramos mais de 15 mil.

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Edição 25/04/2024
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