Cadastre-se gratuitamente e leia
O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
em seu dispositivo preferido

Alerj discute lei de combate à intolerância religiosa

Mesmo com previsão de sanções, crime continua com grande número de ocorrências

A comissão especial da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) criada para acompanhar o cumprimento das leis, o Cumpra-se, recebeu diversas sugestões para aumentar o cumprimento da Lei 7.855/18, que determina que as ocorrências motivadas por intolerância religiosa sejam assim classificadas nas delegacias policiais. Incluir o delito entre os indicadores estratégicos, capacitar os policiais para esse tipo de atendimento e criar uma comissão para o acompanhamento são algumas das medidas discutidas. O tema foi debatido em audiência pública realizada nesta segunda-feira (26). 
O Rio de Janeiro é o estado brasileiro com maior incidência deste tipo de crime, de acordo com o relatório Intolerância Religiosa no Brasil, produzido pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), com dados de 2011 a 2015. Mais de 70% dos casos no Rio são contra praticantes de religiões de matriz africana.
A professora Viviane Rocha garantiu durante a audiência ser uma dessas vítimas. Ela e o filho teriam sido discriminados na escola do garoto, uma instituição adventista. “O Lucas vinha sofrendo retaliações dos próprios professores. Reclamei e me disseram apenas para orar. Certo dia, fui impedida de entrar no colégio porque disseram que eu estava vestida de macumbeira. Chamei a polícia e meu filho acabou expulso. Eu tenho recebido mensagens de ódio e ele está sem estudar”, contou Viviane.
Para o presidente da comissão e um dos autores da norma, deputado Carlos Minc (PSB), há má vontade em alguns setores da polícia em fazer os registros e também uma dificuldade de investigação. Minc explicou a lei: “O texto, aprovado ano passado, obriga três coisas: que fique claro no registro de ocorrência, sem ambiguidade, a intolerância religiosa; a produção de uma estatística detalhada com quem agride, onde, quais religiões; e uma política pública de prevenção. A lei vale para todas as religiões. Queremos que esses crimes sejam resolvidos, os intolerantes punidos e a liberdade religiosa preservada.”

Dificuldades nos registros
Os obstáculos para que casos de intolerância religiosa sejam registrados nas delegacias foram relatados por vários participantes da reunião. Segundo o delegado Gilbert Stivanello, assessor especial de Relações Institucionais da Polícia Civil, a instituição trabalha para diminuir os casos de mau atendimento. “Como qualquer prestação de serviço, temos uma oscilação de qualidade de um funcionário para outro. Mas a diretriz é para que se dê a devida atenção à intolerância religiosa. Temos serviços para mapear esses problemas. O cidadão pode denunciar o mau atendimento policial por telefone anonimamente. Diante destes relatos, podemos encaminhar a situação para medidas educativas e, quando preciso, punir”, disse.
Quanto às estatísticas que não têm sido apresentadas pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), Stivanello afirmou que a Polícia Civil já faz a especificação de casos de intolerância religiosa há anos. “Nos registros existem vários campos a serem preenchidos como a tipificação, a qualificação das partes e a motivação presumida. Dentro da motivação tem o elemento intolerância religiosa desde 2009. Para fazer uma análise estatística nesse setor basta buscar esse marcador, o que entendemos como algo de fácil implementação. Agora, compete ao ISP divulgar esse material”, pontuou.
De acordo com o delegado André Drummond, uma boa solução seria inserir a intolerância religiosa entre os delitos considerados estratégicos. “Temos definições de metas e índices estratégicos a serem reduzidas e, como política pública, nada impede que a intolerância religiosa seja incluída”, explicou. Ao conseguirem a redução desses indicadores, os policiais são premiados. Os delegados também se comprometeram a encaminhar para a comissão uma série de sugestões de pontos técnicos para que a lei tenha maior alcance e seja mais efetiva.

 

 

Tags

Compartilhe:

Edição 18/04/2024
Diário TV Ao Vivo
Mais Lidas

Homem é preso com quatro armas e munições em Teresópolis

Governador Cláudio Castro nomeia novo secretário de Polícia Militar

Agendamento online para passaportes está indisponível temporariamente

Polícia Civil conclui inquérito e indicia por tráfico mulher que deu balas com droga para camareira de hotel em Teresópolis

Prefeitura de Teresópolis confirma data do leilão de veículos apreendidos

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE