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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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A arte da cutelaria agora em Teresópolis

De facas diferenciadas a adagas históricas, artesão cria peças únicas em oficina no Parque do Imbuí

Marcello Medeiros

O clima ameno, as belezas naturais e o ritmo de vida mais tranquilo continuam fazendo de Teresópolis um dos destinos preferidos de quem busca um caminho diferente da correria das grandes cidades. Mais um dos muitos exemplos disso é o do empresário e artesão carioca Daniel Coelho, que há dois anos passou a morar no Parque do Imbuí, bairro onde pode manter estilo de vida bem diferente do que tinha no Rio de Janeiro e conciliar uma rotina menos tensa com um hobby que também acabou virando profissão, a cutelaria. Na oficina montada nos fundos da residência, ele aperfeiçoou os ensinamentos obtidos anos atrás e se aprofundou na arte de construir ferramentas de luxo. Em Teresópolis, passou a produzir facas e adegas diferenciadas, e por vezes históricas, criando peças únicas que atraem olhares e clientes de várias partes do país. No último fim de semana, a reportagem do jornal O Diário e Diário foi conhecer o trabalho do profissional.


Inspiração que vem de dentro de casa: Daniel com a pequena Liz, de seis meses, e a esposa Clarice
Mas, antes de falar sobre a arte que nasce no aconchegante Parque do Imbuí e vai parar nas coleções e cozinhas de muita gente, importante destacar o que é a cutelaria. Também conhecida como armiaria ou armoaria, envolve o ofício de fabricar instrumentos de corte, portanto facas, espadas, adagas, facões, navalhas, punhais, entre outros. Na cutelaria artesanal, trata-se do ramo onde é levado em conta o esforço e habilidade manual, sem o grande auxílio de máquinas operantes além do básico e consequentemente não contempla a produção em grande escala ou repetida. Ou seja, nesse modelo de trabalho surgem peças únicas. “Essa é uma arte milenar. O ser humano se destacou no reino animal fazendo ferramentas, podendo cortar o alimento, ajudar na caça, foi um dos pilares da evolução humana. A cutelaria é a arte de fabricar do zero, através de matéria prima, uma faca, de campo, de caça, de luta, arma histórica… E hoje procuramos essas ferramentas um pouco além, funcionais, mas bonitas, fazendo de cada peça uma arte”, relata o cuteleiro.
Assim como em outras artes manuais, o trabalho mais lento e preciso permite a criação de peças únicas, com o acrescimento de detalhes que não seriam possíveis ou, digamos, permitidos, nas grandes produções. Afinal, por mais moderna que seja a máquina nunca terá o olhar ou talento de um bom profissional. “Na cutelaria eu procuro fazer peças históricas, usando o tratamento térmico, as referências corretas para cada material, mais duro, mais tenaz, próximo do que seria o material usado, ou pegar algo clássico e colocar a minha identidade como artista”, detalha Daniel.


A faca e a adaga, já finalizadas e em contraste com a bigorna e as ferramentas brutas que ajudaram na sua criação dessas peças únicas

Itens colecionáveis
Entre os muitos trabalhos realizados pelo cuteleiro, destacamos uma faca de luta e uma adaga histórica. A primeira chama atenção pela geometria com fio agressivo, bastante afiada onde deve ser e, do outro lado, acabamento que auxilia em uma possível perfuração. Falando em acabamento, o cabo, uma mistura de maneira e resina em tons de azul, é outro detalhe que salta aos olhos, assim como a guarda e a subguarda em forma de anel. Sobre a outra, Daniel explica: “Essa é uma adaga histórica, embora tenha colocado alguns elementos de conjunto que estou criando, mas tem todos os elementos que uma adaga precisa ter. Tem anel de proteção, é usada na mão esquerda, como uma segunda arma, para defesa, portanto tem uma têmpera mais dura, o que serve para quebrar ou até tirar o fio da espada do oponente”, detalha o artesão, lembrando que os trabalhos precisam ser funcionais e cortar ou servir para proteger como previsto, apesar de muito provavelmente nunca precisarem ser utilizados dessa maneira.

O longo caminho
Quem vê as obras de arte reluzentes pode não ter ideia do longo caminho até ali, do aço cru e sem vida para as lâminas brilhantes e com cabos ou acabamentos em diferentes tons. É preciso passar o aço pela forja, aquecer a altíssimas temperaturas, dar muitas marretadas ou marteladas na bigorna, esmerilhar, lixar, voltar para o tratamento térmico para conseguir que as moléculas do aço cheguem à tensão desejada, trabalhar o polimento e outros pequenos trâmites até que a ferramenta chegue ao ponto de ser considerada uma verdadeira obra de arte, daquelas que merecem estar em uma coleção ou decorando ambientes especiais. Por isso, esse tipo de faca, por exemplo, não pode ter mesmo preço de uma que você encontra facilmente em qualquer supermercado. O preço, ou valor, nesse caso, pode variar entre R$ 300 e R$ 3 mil, dependendo da peça e materiais escolhidos pelo cliente.

A forja aquece o aço até a 1.300 graus, gerando condições para que o material possa começar a ser trabalho pelo artesão

Mais sobre o trabalho
“Eu tenho com encomendas, às vezes a pessoa vê um conjunto de cozinha e pede, ou tem projeto mais especial e aí a gente conversa e para ver como é que podemos fazer, mas faço muitas à pronta entrega também. Faço a que estou com vontade de fazer e quando estou terminando ou terminei começo a divulgar e daí surge o cliente”, explica Daniel. Para saber mais sobre o trabalho do artesão cuteleiro, as redes sociais são: Instagram  @_daniel.d e Facebook https://www.facebook.com/forja.coelho. O telefone de contato é o (21) 98833-5127. 

Inspiração dentro de casa
Como citado no início da reportagem, a tranquilidade e o clima de Teresópolis são fundamentais para as criações de Daniel Coelho. Porém, a inspiração maior não vem das tardes geladas ou das grandes e diferentes árvores que cercam a oficina, no Parque do Imbuí. Ela vem de dentro de casa, a pequena Liz, de seis meses, e a esposa Clarice. “Esse foi um dos motivos para decidir vir morar em Teresópolis. Fui servidor público, tenho outra empresa, mas a cutelaria chamou, comecei a fazer e vi que tinha possibilidade trabalhar dentro de casa, perto da minha família. Se der saudades, é só correr para dentro de casa para ver e abraçar as duas”. 

 

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Edição 25/04/2024
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